A Greenpeace alerta: Além do bacalhau, vários peixes vulgares à nossa mesa, como atum e pescada, estão em extinção.
Desde que chegou a Potugal através do site http://www.greenpeace.pt/, a mais famosa organização ambientalista do Mundo elegeu a defesa dos oceanos e, em particular, a luta contra os excessos da pesca como principal combate a travar no nosso país. A escolha tem bons motivos. Por um lado, a histórica ligação dos portugueses ao mar e à pesca, por outro, o facto de Portugal ter direitos de exploração sobre uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas da Europa - que vai da costa continental portuguesa aos mares da Madeira e Açores. Mas, principalmente, porque os portugueses são quem mais peixe come na Europa. Em média, cada português come 60 quilos de pescado por ano. E, a verdade é que, se comer peixe faz bem à saúde, o crescente consumo de pescado está a ameaçara sobrevivência de muitas espécies. Algumas são tão vulgares à nossa mesa que, possivelmente, nem nos passa pela cabeça que estão à beira da extinção. O caso do bacalhau é mais conhecido, mas há muitas outras espécies em risco. Por isso, a Greenpeace criou a Lista Vermelha dos Peixes, para alertar os portugueses para os perigos que correm um total de 14 espécies que, por enquanto, ainda encontramos facilmente nas peixarias ou secções de produtos congelados. Algumas espécies, como o camarão, não estão ameaçadas, mas os métodos utilizados na sua captura são tão agressivos que ameaçam a sobrevivência de outras com quem partilham habitat, e que caem nas mesmas redes, como tubarões e raias, também incluídos na lista. Peixes tão populares como a pescada, o atum, o espadarte, o linguado, solha e tamboril correm o risco de desaparecer do mar, algo que já aconteceu com o salmão, praticamente extinto na Natureza, sobrevivendo apenas em viveiros.
Entre as espécies que constam daLista Vermelha, abundam os peixes de profundidade (casos do peixe-espada-branco, tamboris, camarões, linguados e solhas) e predadores como tubarões, espadartes e atuns, capturados com recurso a métodos como redes de arrasto que, como o nome indica, arrastam tudo o que nada, danificando também os fundos oceânicos que, após a sua passagem se transformam em desertos, estéreis de vida.
SABOROSOS, MAS EM EXTINÇÃO
Vulgares à mesa, raros no mar...
Salientamos oito, mas, ao todo, são 14 as espécies de peixes que a Greenpeace alerta: são tão vulgares à nossa mesa como raras no mar.
Na lista encontra-se a popular pescada, o tamboril, o camarão, o salmão, o atum e, claro, o bacalhau. E, criá-los em viveiro levanta problemas graves. Por isso, o ideal é moderar o seu consumo...
PORQUÊ MODERAR O CONSUMO?
3/4 dos stocks de peixe mundiais estão sobre-explorados ou esgotados
88% dos stocks da UE são sobre-explorados
90% das populações de peixes predadores estão esgotadas
Só 1% dos oceanos e mares do Mundo estão protegidos contra 11% de áreas protegidas em terra
1. Atum
Situação: Em perigo de extinção
Algumas espécies do Atlântico e Mediterrâneo já estão classificadas em risco de extinção.
Muito apreciada para conservas e agora para o sushi, é uma das espécies mais procuradas, sendo alvo de pesca ilegal (pirata).
Aquacultura:
Como o atum não se reproduz em cativeiro, os juvenis criados nos viveiros vieram do mar. Para engordar um quilo, um atum precisa comer 20 a 25 kg de outras espécies.
2. Bacalhau do Atlântico
Situação: Em perigo de extinção
À excepção dos stocks da Islândia e do Mar de Barents, todas as populações (Canadá e Atlântico Nordeste) estão sobre-explordas.
Em 1993, a pesca comercial foi proibida na Terra Nova. Desde então os stockes não recuperaram.
3. Camarão
Por cada quilo de camarão capturado, pelo menos dez quilos de outras espécies são atiradas ao mar, mortas ou moribundas.
27% do desperdício de peixe a nível global deve-se à pesca agressiva desta espécie, com redes de arrast que pescam tudo e destroem o fundo do mar.
4. Linguado Europeu e Solha Americana
Situação: Vulnerável
Tal como outras espécies que vivem no fundo do mar, são capturadas com redes de arrasto que pescam tudo indiscriminadamente.
70% das capturas são peixes de outras espécies. No mar da Irlanda e baía da Viscaia o stock de linguado está à beira da ruptura.
5. Peixe-espada-branco
Situação: Vulnerável
Espécie de crescimento lento, é muito vulnerável à pressão da pesca.
Nos Açores, a redução das populações da espécie levou a redução das cotas de pesca em 2005.
O método de captura de peixe-espada-branco é agressivo e associado à morte de várias espécies de tubarões e aves marinhas.
6. Pescada
Situação: Sobre-explorada
Desde 2004 que o investigadores recomendam a proibição da sua pesca no Atlântico para que os stocks recuperem.
Todos os stocks de pescada do Atlântico estão em risco de colapso.
7. Salmão
Situação: Em extinção na Natureza
Espécie muito apreciada, o salmão selvagem desapareceu da maioria das águas Norte-Americanas, Europeias e Báltico devido à sobrepesca.
Aquacultura:
O impacto da criação desta espécie em viveiro é significativo: São necessários 4 a 5 quilos de outros peixes para que um salmão engorde um quilo.
8. Tamboril
Situação: Esgotado em Portugal
De crescimento lento, as fêmeas só começam a reproduzir-se entre os 5 e os 11 anos.
Esgotado em águas espanholas e portuguesas devido à sobre-pesca, no Atlântico Oeste a situação ameaça repetir-se.
PORQUÊ MODERAR O CONSUMO?
Os portugueses são os que mais peixes consomem na UE (60 quilos per capita). A Greenpeace recomenda cinco medidas para reduzir o impacto luso nos recursos vivos dos oceanos.
- Comer menos peixe: Porque os oceanos não suportam um aumento desenfreado do consumo.
- Recusar o peixe miúdo: Consumir peixes juvenis é impedi-los de atingir a idade em que podem reproduzir-se. A sua venda é proibida e pode ser denunciada à ASAE.
- Preferir espécies europeias: Além de não privar populações longínquas dos seus recursos, o transporte até ao local de consumo gastará menos energia.
- Pesca selectiva é mais sustentável: Anzóis e redes artesanais são preferíveis às redes de arrasto que matam juvenis e espécies não comerciais.
- A aquacultura, será solução?: Muitas espécies criadas em viveiros são alimentadas à base de peixes pescados no mar. Para evitar este contrasenso, o ideal é consumir espécies herbívoras e mariscos criados de forma sustentável.
Baseado em Texto de: ANABELA PEREIRA FERNANDES
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