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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

MIGRAR para não morrer


Segundo os cientistas, uma das piores consequências das alterações climáticas será a migração das espécies para locais onde as condições climáticas lhe sejam mais favoráveis. Esta é uma hipótese optimista, já que, de acordo com vários estudos, muitas espécies não coseguirão movimentar-se suficientemente rápido para acompanhar a velocidade com que as mudanças do clima acontecem. Razão pela qual se prevêm extinções em massa no futuro. Um dos estudos mais recentes foi realizado pelos cientistas do Museu de História Natural de Paris, que observaram o comportamento de 105 espécies de aves típicas da avifauna gaulesa.

As conclusões, publicadas na revista científica Proceedings não são animadoras. Apesar de detectarem ligeiras deslocações das espécies rumo a paragens mais frescas, os cientistas observaram que as aves não estão a ser suficientemente rápidas: se querem garantir uma "casa" à temperatura ideal, as aves francesas ainda terão de deslocar-se cerca de 180 quilómetros para norte. Caso não o façam a tempo, muitas poderão ser surpreendidas pela falta de alimento. Neste caso, as que possuem um regime alimentar menos flexível serão as primeiras a extinguir-se. "A flora e fauna à nossa volta mudm constantemente devido às alterações climáticas, se as aves e os insectos de que se alimentam não pensarem da mesma maneira, teremos um desfasamento entre espécies", explicou Vincent Devictor, coordenador da investigação.

Assim, à medida que o Planeta aquece, várias regiões do Globo assistirão a modificações drásticas na composição da sua fauna e flora. Entre as regiões mais afectadas estão as de clima temperado, como é o caso da Península Ibérica. Em Fevereiro, um estudo europeu já alertava para esta ameaça.

A Climatic Atlas of the European Breedings Birds, foi o primeiro trabalho que avaliou o impacto do aquecimento global nas 430 aves migratórias que habitam o Continente Europeu, metade das quais existentes em Portugal. E, de acordo com estas projecções, perante o esperado aumento de 3º C nas temperaturas médias europeias, até final do século XXI muitas das aves que compõe a fauna nacional, devem debandar em direcção ao extremo sudoeste do continente, rumo a paragens mais frescas. Entre elas, estão as espécies que indico mais abaixo. Se ficarem, poucas sobrevirão. De acordo com este Atlas, só medidas de conservação especiais poderão impedir uma extinção em massa.



ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS AMEAÇAM AVES PORTUGUESAS



Vários estudos indicam que nos próximos 100 anos, o mapa de distribuição de aves na Europa vai sofrer grandes alterações devido à mudança climática. Algumas espécies típicas da nossa fauna como a abetarda, peneireiro e sisão podem literalmente voar para paragens mais frescas...



1. Abetarda



É uma ave que adora campos de cereais. Na Europa existe apenas na Península Ibérica (em Portugal no Alentejo) e na Rússia. No futuro pode sobreviver apenas na Rússia.

Estatuto de conservação: Ameaçada



2. Sisão



Tal como a abetarda o seu habitat são campos agrícolas abertos. Prevê-se que no futuro o seu número diminua significativamente e desapareça de Portugal.

Estatuto de conservação: Ameaçada



3. Charneco



Até agora, este pequeno pássaro é exclusivo da fauna ibérica. O futuro pode acabar com este endemismo, reduzindo a população e empurrando os sobreviventes para o Mediterrâneo Oriental.



4. Cegonha-Branca



Esta espécie não corre perigo de extinção, mas no futuro, as previsões indicam que avistar uma cegonha pode passar a ser raro na Península Ibérica. Já a cegonha-negra corre sério risco de extinção.



5. Peneireiro-cinzento



Até agora, este pequeno falcão só vive na Península Ibérica, nas paisagens de montado. No futuro, poucos devem manter-se por cá. A mudança climática pode levá-lo para Itália e Grécia.





Baseado em Texto de: ANABELA PEREIRA FERNANDES


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