O engenheiro Miguel Pais já sugerira,em 1876, a construção de uma travessia, mas foi preciso esperar 86 anos. Só a 5 de Novembro de 1962 se iniciaram os trabalhos da futura Ponte Salazar, a partir de 1974, Ponte 25 de Abril ou ponte sobre o Tejo.
Seis meses antes, esta obra, capaz de orgulhar o regime e o País, fora adjudicada à United States Steel Internacional, de Nova Iorque. O projecto de uma empresa nova-iorquina de engenharia, sendo acompanhado pelo gabinete português da ponte sobre o Tejo e peloLaboratório Nacional de Engenharia Civil.
No final da década de 1990, já se circulava em seis vias rodoviárias (em vez das quatro com que foi inaugurada) - e também por comboio. Duas medidas pensadas para reduzir o trânsito na via que liga as duas metades do País. Contudo, atravessá-la diariamente continua a ser um tormento. Desde que foi criada, a estrutura de aço e betão foi sempre uma garantia de circulação intensa.
Um problema que o Governo de Cavaco Silva se propôs a resolver. A 4 de Abril de 1998, já com António Guterres à frente dos destinos do País, viu a luz do dia a obra que tinha entre o seus grandes objetivos descongestionar a sua "irmã mais velha". Uma construção que queria antecipar alguns dos problemas do futuro. A Ponte Vasco da Gama tem uma esperança de vida de 120 anos e foi projectada para resistir a ventos de 250 km/h; ou para aguentar um sismo quatro vezes mais forte do que o terramoto de 1755. Devido ao seu tamanho, foi necessário ter em consideração a curvatura da Terra, caso contrário, ficaria com um desvio de 80 centímetros.
Centenas de mihões de euros foram gastos para erigir a estrutura que ficou associada à Expo 98. Os ambientalistas moveram um combate sem tréguas ao Governo, por considerarem a obra sinónimo de um desastre ecológico.
Apesar das esperanças de alívio no trânsito da 25 de Abril, dez anos depois a circulação automóvel não diminuiu entre Almada e Alcântara - antes a aumentou 15 por cento.
Mesmo assim, a ponte que homenageia o navegador português conseguiu uma coisa. Tem agora mais 20 por cento de camiões do que a 25 de Abril, atingindo um dos seus objectivos: reduzir o trânsito de pesados na velha ponte. Há quatro milhões de camiões que já não entram em Lisboa graças à Vasco da Gama.
Os camionistas, junto com os outros utentes, mastraram a história recente da travessia do Tejo. Na 25 de Abril, em 1994, protestos massivos e desobediência civil (o "buzinão" e a "marcha lenta") levaram o Governo a desistir de aumentar as portagens. Resultado: Desde essa data, o Estado já pagou 202 milhões de euros à Lusoponte para repor as receitas perdidas por esta. Nos próximos anos, vai entregar-lhe mais 16 milhões.
As portagens mais caras do que as da irmã mais velha serão um factor que afasta os utilizadores do tabuleiro que une Montijo a Sacavém. Até ao seu décimo aniversário, assinalado este ano, a pont da Expo foi atravessada por 210 milhões de carros. Em 2007, o seu tráfego médio diário era de 60 mil automóveis; quando foi criada, não chegava aos 38 mil. Na 25 de Abril, a circulação média diária é de 160 mil.
A Vasco da Gama foi considerada bela; polémica (devido ao impacto ambiental); e quase parecida com uma pista de corridas. Um ano depois da inauguração, era palco preferencial de corridas urbanas entre streetracers, que aproveitavam as condições do tabuleiro para atingirem velocidades de 280km/h. Nos últimos anos o problema terá diminuido, com a intensificação da fiscalização. Contudo, a história desta travessia nunca foi pacífica. Foi o então primeiro-ministro Cavaco Silva que decidiu, em 1991, construir a ponte. Assim que a intenção foi anunciada, começou uma longa e acessa discussão sobre o cenário mais favorável para a obra. Belém-Trafaria? Chelas-Barreiro? Uma ponte rodo-ferroviária? Ou uma que ligasse Sacavém ao Montijo? Diversos especialistas, bem como a oposição, defendiam o corredor Chelas-Barreiro. O mesmo acontecia com o monistro do Planeamento, Valente de Oliveira, e o do Ambiente, Carlos Borrego. No entanto, Cavaco e seu ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral, decidiram contra as vozes discordantes. O mesmo Executivo lançou também o projecto do comboio na 25 de Abril, bem como o de alargar o seu tabuleiro para oito faixas rodovárias.
A manchar o currículo da Vasco da Gama encontra-se a morte de 11 pessoas enquanto aquela era edificada.
A PONTE SALAZARISTA
Que lugar ocupou quando foi construída?
- Era a 5ª maior ponte suspensa do Mundo
- Era também a maior ponte suspensa do Planeta, sem contar com os EUA
Que posição ocupa hoje?
- 66ª
Quanto custou a Ponte 25 de Abril/Ponte Salazar/Ponte sobre o Tejo?
- 11 000 000 de euros sem contar com a inflacção
Que comprimento tinha quando foi inaugurada?
- 1012,88 m de comprimento a partir do vão principal
- 2277,64 m de uma ponta à outra
Qual o diâmetro de cada cabo principal?
- 58 cm
Quantos fios de aço tem?
- 11 248
Quanto mede cada um deles?
- 4,87 mm de diâmetro
Quantos quilómetros de fios de aço tem ao todo?
- 54, 196 km
Quando é que passou a ter comboios?
- 30 de Julho de 1999
Quantos carros passavam nos dois sentidos, na hora de ponta, em 2006?
- 7000
E quantos carros passavam por dia?
- 150 000
Quantos comboios faziam diariamente a travessia?
- 157
Com quantos passageiros no total?
- 80 000
Quantos passageiros ferroviários ao longo de todo o ano de 2005?
- 21 000 000
Quantos metros cúbicos de betão no total?
- 263 000
Quantas toneladas de aço no total?
- 72 600
Quantos metros cúbicos de terras e rochas retiradas?
- 6 500 000
A quantos metros de profundidade abaixo do nível da água?
- 79
Quanto medem as torres principais?
- 190 m
A que distância está da água?
- 70 m
A PONTE DA EXPO
Quanto medem as torres?
- 150 m
A que distância da água está o tabuleiro?
- 47 m
Qual a resistência das Torres Norte e Sul?
- As fundações suportariam o impacto de um navio de 30 000 t
Qual é o comprimento total da travessia?
- 17, 185 km
Qual a altura dos pilares do vão principal?
- 148 m
Quando foi construída?
- De Fevereiro de 1995 a Março de 1998
Quanto betão foi utilizado?
- 730 000 m cúbicos
Quanto aço?
- 100 000 toneladas
Quantas vigas préfabricadas foram usados no tabuleiro?
- 150
Quantos metros cúbicos de terras movimentadas?
- 1 400 000
Quantos trabalhadores foram utilizados?
- 3300
Baseado em texto de: VASCO VENTURA