A obra deste engenheiro informático (praticante de kung-fu há oito anos) ensina-nos as dicas cruciais para navegar com sucesso por entre os obstáculos criados pela crise. O olhar crítico sobre as nossas finanças, presente nas muitas e facilmente compreensíveis tabelas, esquemas e quadros do livro (ver abaixo), faz-nos perceber onde gastamos e porquê. Mostra-nos como podemos poupar; o que é desperdício; o que é importante. Claro que isso é subjectivo. Mas, em época de apertar o cinto, muitos bens que achavamos essenciais tornam-se, de repente, acessórios. O que pode ser mais relevante do que habitação, roupa aceitável para os filhos ou deslocações para o trabalho?
O especialista aconselha, em época de dificuldades, uma estrutura de custos leve e flexível. Que quer isto dizer? Será que, no seu caso pessoal, tem mesmo de estar agarrado a uma casa que está a comprar, em vez de alugar uma? Se arrendar, já não corre o risco de mudar de trabalho e ficar com uma actividade profissional a 50 quilómetros da residência (pois, agora você está amarrado a ela...). Consequências: gastar mais em transportes ou gasolina, perder muito mais tempo...
O formador fala da importância de não concentrar toda a energia num só trabalho. Acumule várias formas (legais, de preferência) de ganhar dinheiro. Assim, quando perder uma, ainda tem as outras.
Para o empresário, "precisamos de ser mais proactivos, empreendedores. Actuar. Depender menos dos outros para poupar dinheiro e multiplicá-lo. Está muito nas mãos de cada um de nós tornar a economia sustentável. Se não nos mexermos rapidamente, o nosso futuro está cada vez mais comprometido".
Os portugueses já foram um dos povos menos gastadores. O conferencista revela que passamos de taxas de poupança de 30%, nos anos 1970, para 4%, na actualidade.
O livro tem, ainda, uma muito extensa bibliografia, um glossário capaz de tornar uma criança de sete anos mestre em economia e diversas citações a entidades tão credíveis como o INE. E o autor dá-nos uma informação inesperada (ou não...). Esclarece que "a maior parte dos créditos, endividamentos e penhoras judiciais não têm que ver com a casa ou o carro. Referem-se a bens de consumo vindos das grandes superfícies comerciais. Electrodomésticos, vestuário... Comprados por pessoas que se endividaram continuamente, para adquirir sempre mais bens".
Há hábitos "espertos" que são tão pequeninos como importantes. Contrarie a omnipresente tendência, tão moderna, de pagar sempre com o cartão. Isso muda tudo. Passe a comprar tudo o que puder com notas - pequenas. Terá uma noção totalmente diferente do dinheiro que gasta. Dar-lhe-á mais valor. Vai perceber que, afinal, não andava nenhum desconhecido a descarregar o conteúdo da sua conta. Era você...
Os truques quotidianos, muito mais relevantes para a sua vida do que pensa, sucedem-se no pensamento sistematizado deste autor. Faça você mesmo as suas prendas, em vez de se perder em espirais de consumismo e em filas infindáveis para escolher, comprar e embrulhar os presentes de Natal para toda a família. Revolucionário? Sim. Mas pode salvá-lo. Não vá para o supermercado com fome. Vai esbanjar muito mais em alimentos hipercalóricos e desadequados para a sua alimentação. Não tome o pequeno-almoço fora de casa. Por um sumo de laranja, vai pagar mais ou menos o mesmo que por um quilo do dito fruto. E faça as contas ao que perde em tabaco. Um dos amigos de Pedro Queiroga Carrilho meteu-se em cálculos e percebeu rapidamente que as despesas em cigarros ultrapassavam o dinheiro que empregava em comida...
- Trabalho Principal: 40 HORAS - 250 EUROS - 6,25 EUROS/hora (depois dos descontos)
- Trabalho Extra: 6 HORAS - 37,5 EUROS
- Deslocações/Gasolina: 5 HORAS - 15 EUROS
- Estacionamento: 4 EUROS
- Vestuário e Calçado: 10 EUROS
- Barbear/Visual de Trabalho: 2,5 HORAS - 2,5 EUROS
- Merenda meio manhã/lanches: 1,5 HORAS - 5 EUROS
- Pequenas Refeições intermédias variadas: 15 EUROS
- Almoço: 5 HORAS - 37,5 EUROS
- Material necessário/portátil/telemóvel/agenda electrónica/etc: 2 EUROS
TOTAL: 60 HORAS / 121,5 EUROS / 2,03 EUROS/hora
Baseado em Texto de: VASCO VENTURA
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